TAEKWONDO MARCIAL OU ESPORTIVO?
Apesar de todos os antigos praticantes, muitos deles atualmente professores e mestres terem iniciado com práticas marciais dentro do taekwondo, todos tiveram que voltar suas atenções a um contexto esportivo, de caráter olímpico. Isto gera com certeza conflitos entre o Taekwondo do passado com o que ele é hoje. Nos primórdios do taekwondo no Brasil todos os seus praticantes tinham finalidades meramente marciais. E naquele momento histórico os mestres coreanos passaram o mesmo ensinamento recebido na Coréia. Tinha-se então uma abordagem do Taekwondo como Arte e não como esporte. Durante as aulas se enfatizava-se muito os combates de forma realista, e uma forte exigência na praticidade e beleza das técnicas marciais; principalmente nos golpes com pernas, a essência do taekwondo.
Na década de 70 ,quando o taekwondo foi introduzido em nosso pais, todos aqueles que queriam praticá-lo estavam empolgados com os filmes do lendário Bruce Lee e com o seriado Kung-Fu, estrelado pelo então saudoso David Carradine, lembrado pelo seu contexto filosófico e espiritual. Os espetaculares chutes, principalmente os executados com saltos, executados pelos praticantes do taekwondo levavam ao delírio todos que sonhavam em ser como Bruce Lee, na perícia marcial. Naquela mesma década surge a revista DO, editada pelo Mestre Woo Jae Lee, que se caracterizou pela divulgação marcial ,com destaque para o taekwondo,em todo o território nacional. Este Mestre escreveu, em 1976, juntamente com Luiz E. B. Mergulhão Filho, obra intitulada Aprenda Taekwondo, publicada pela Edtora Brasil-América(EBAL). Obra esta que contribuiu para a divulgação do taekwondo em todo o país. Nesse período os escritos,que eram poucos, empenhavam-se nos aspectos marciais. Onde se dava primazia às técnicas de lutas, não na esportividade, mas sim na marcialidade, às práticas do taekwondo. O público que praticava esta modalidade de origem coreana queria:luta e suor. Afinal, o taekwondo naquele tempo não tinha cunho esportivo, e nem tão pouco era esporte olímpico. O tempo passou e a visão hoje é outra. O século XXI chegou com muitas surpresas e novidades. Inclusive no taekwondo. Afinal ele se tornou esporte olímpico e agora integra o contexto dos projetos sociais, que têm como condição fundamental o trabalho com crianças e adolescentes objetivando melhorar o caráter e oferecer uma educação holística à população carente; isto tudo através de trabalhos com grande aceitação nas favelas e bairros carentes em geral, das grandes metrópoles brasileiras. Isso levou os docentes do taekwondo, mestres e professores, a se preocuparem com uma nova abordagem em suas aulas. Fez-se necessária uma inovação no tocante às práticas desta modalidade marcial coreana.
Desenvolver um taekwondo voltado para a esportividade, onde o que importa é a formação de atletas olímpicos? Ou seguir as origens do taekwondo e desenvolvê-lo como realmente gostamos, voltado para a marcialidade, onde os chutes “voadores” são expostos de forma bélica e em lutas reais ou semi-reais? Em verdade: SER OU NÃO SER ESTA É A QUESTÃO ? Difícil ou não de ser respondida e/ou vivida esta celeuma é preciso decidir o que é melhor.
Em razão disso, temos visto muitos mestres e professores de taekwondo, que devido às mudanças se voltarem a modalidades marciais que prezam pela aplicabilidade de lutas, tais como o hapkido, que se centra na defesa pessoal, o Tang Soo Do, que se baseia nos princípios marciais coreanos, entre outras. As aulas de Taekwondo devem ser ministradas consevando o que de bom o ensinamento antigo tem, a sua essência, e ao mesmo inovar sempre.
Cada vez mais o taekwondo se volta para o aspecto olímpico e, conseqüentemente, esportivo. E é necessário que estejamos preparados para estas novas visões pragmáticas, que fazem desta modalidade marcial coreana cada vez mais conhecida e respeitada mundialmente. Devemos então nos aprofundarmos nos estudos sobre quais são os aspectos da esportividade e sua correlação dentro das atividades físicas; pois é nelas que se encontra o futuro do taekwondo.
Então é isso, Musashi morreu, porém suas idéias continuam vivas dentro de cada um de nós que, direta ou indiretamente, amamos a filosofia marcial.
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